O alto número de dispensas médicas na Azul, que já chega a 405% em apenas 13 dias do mês, levou também os funcionários a escalas esgotantes para compensar a ausência de tripulantes afastados.
O início de janeiro está sendo marcado por uma contaminação em massa de Covid-19 em decorrência da variante ômicron, cepa 70 vezes mais contagiosa que as variantes anteriores, porém mais branda, ao que demonstram as pesquisas iniciais. A onda tem obrigado companhias aéreas a cancelar ou remarcar voos por conta do alto número de tripulantes infectados.
De quarta-feira (12) até sábado (15), já foram cancelados 364 voos, segundo dados de empresas áreas e do site de tráfego de voo Flight Aware. Desse total, 284 são da Azul, a mais afetada das operadoras aéreas pela falta de tripulantes. Na segunda-feira, a companhia teve outras 91 decolagens canceladas, de acordo com o Flight Aware. Assim, apenas a Azul precisou desmarcar pelo menos 375 voos na semana.
O alto número de dispensas médicas na Azul, que já chega a 405% em apenas 13 dias do mês, levou também os funcionários a escalas esgotantes para compensar a ausência de tripulantes afastados. A empresa detém uma frota de 134 aeronaves e conta com um quadro de mais de 10 mil tripulantes. “Essa situação foi mais sentida na Azul porque a companhia está voando significativamente mais do que durante o auge da pandemia, mas com o mesmo contingente de tripulantes”, diz o comandante Ondino Dutra, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA). Segundo o comandante, a situação afeta a qualidade do descanso e do trabalho da tripulação da Azul.
A reportagem da VEJA procurou a Azul para saber se há previsão de contratações para suprir a falta de tripulantes e desafogar a carga de trabalho dos funcionários, mas a companhia não respondeu à pergunta. Em nota, a companhia informa que “registrou um aumento no número de dispensas médicas entre seus tripulantes – casos esses que, em sua totalidade, apresentaram um quadro com sintomas leves – e tem acompanhado o crescimento do número de casos de gripe e covid-19 no Brasil e no mundo”.
Segundo a Azul, mais de 90% das operações da companhia estão funcionando normalmente e alguns de seus voos do mês de janeiro estão sendo reprogramados. “Os clientes impactados estão sendo notificados das alterações, reacomodados em outros voos da própria companhia e recebendo toda a assistência necessária conforme prevê a resolução 400 da Anac”, informa em nota a Azul. A companhia realiza cerca de 860 voos diários, servindo 104 destinos, o que representa 30% do total de decolagens do país.
A Latam Brasil cancelou 183 voos nos últimos dias — sendo 80 deles entre quarta-feira e sábado desta semana — que estavam programados até domingo, 16. A Latam opera cerca de 625 voos no Brasil. Segundo a SNA, a Latam tem sentido menos a situação porque está voando próximo ao que voava na pandemia e também com um maior número de funcionários. Ao longo de 2021, a Latam contratou mais de mil tripulantes.
Até o momento, a Gol não anunciou cancelamentos causados por dispensas médicas na tripulação. Como a empresa ainda não recuperou os voos aos níveis da pré-pandemia, ela possui uma parte da equipe ociosa, que está sendo remanejada para escalas dos funcionários contaminados.
Info: Veja